Desisto! Não sei ser feliz!
Não posso nem escolher ser feliz!
Simplesmente porque a minha felicidade
não se limita a um corpo,
e sim a todo um povo.
Minha angustia é sartreana,
já que eu não posso escolher ser feliz,
Se sei que isso não é possível
a todos os Josés, Marias e Anas.
Me angustio por todo um mundo!
Penso, penso, penso e não esqueço,
nem por um minuto,
que meu fado é ao escolher-me,
escolher por ti e por tudo.
E é por isso que cada escolha é um parto,
Daqueles quando não existia anestesia.
Visualizo-me no quarto acolchoado,
as amarras todas brancas,
e um psiquiatra como cortesia.
Do jeito que estou
isto não deve tardar.
Quanta escolhas ainda
antes de surtar?
Talvez assim eu consiga a paz,
sozinha,
ao deixar a realidade mundana,
injusta e fria.