sábado, 26 de setembro de 2009

Saia daqui com seu iate!

Eu não queria ter de ir tão fundo!
Viver e morrer na superfície parece bom,
Mas isso deve ser um dom.

Enquanto todos pegavam um flutuador,
Eu , irracional,
Pulava com um sinalizador.

Permaneço molhada,
Quase afogada.
Invisível a todos os iates
Que não me oferecem resgate.

Mas isso não é a toa
Eu pessoalmente prefiro uma canoa!
Com uma ou duas pessoas,
Toda a sua lentidão
E as nossas remadas quase em vão.

Já que aquela sobrevivência na superficie, tão certa,
Não me parece correta.
E mesmo com o corpo cansado,
prefiro senti-lo partido e sofrido
Do que por um grande motor movido.

Gosto mesmo é de remar,
De preferência contra a maré,
E ignorar todo esse "salve-se quem puder"...





segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Pulsos de pano

Ela estava parada, quieta
Sua voz enroscada no pescoço
Sua vida engasgada como um osso.

Não havia nada.
Nem os cinco sentidos,
Nem cinco amigos,

Nem ao menos,
cinco comprimidos
empurrando sua vida,
garganta abaixo,
como fazem os deprimidos.

Ela não podia cantar,
Nem dançar,
encantar ou
namorar.

Não havia gritos
nem instintos,
estímulos ou
conflitos.

Ela era chata e molenga.
Virou boneca,
Estava confusa e macilenta.

Achava que era gente,
Mas era mentira.
Ela estava sem vida,
Ela agora era Emília.

E ao cortar inutilmente os pulsos de pano,
Descobriu ainda,
Que até para morrer ela havia antes,
De engolir a vida.