segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Pulsos de pano

Ela estava parada, quieta
Sua voz enroscada no pescoço
Sua vida engasgada como um osso.

Não havia nada.
Nem os cinco sentidos,
Nem cinco amigos,

Nem ao menos,
cinco comprimidos
empurrando sua vida,
garganta abaixo,
como fazem os deprimidos.

Ela não podia cantar,
Nem dançar,
encantar ou
namorar.

Não havia gritos
nem instintos,
estímulos ou
conflitos.

Ela era chata e molenga.
Virou boneca,
Estava confusa e macilenta.

Achava que era gente,
Mas era mentira.
Ela estava sem vida,
Ela agora era Emília.

E ao cortar inutilmente os pulsos de pano,
Descobriu ainda,
Que até para morrer ela havia antes,
De engolir a vida.

3 comentários:

  1. "Que até para morrer ela havia antes,
    De engolir a vida."

    Muito foda. Emília, pelo menos o seu coração é costurado com material conhecido. E se você, ao invés de ser de pano, fosse de fogo?

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  2. Melhor seria se só meu coração fosse de fogo...
    Eu viraria pó, mas me permitiria sentir o arder todo, sem dó!

    Seria perfeito se ele me consumisse de uma só vez ao invés de uma vez a cada mês!

    Mas não, ainda sou de pano amiga!
    Inofenssiva e puída...

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  3. Não entendo muito de poesia, mas pra mim, essa tem estilo!

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