O inverno acabou,
Aquele dos países ricos,
Em que os dias são curtos
e as noites escuras...
A vida gelada se foi...
Aquela em que eu tentava sobreviver muda,
sozinha e nua
numa isolada caverna escura...
E as sombras congeladas, famintas,
imaginárias (ou não),
Buscavam o meu recanto e
minha carne crua, compulsivamente,
Como se ambos fossem sãos.
É primavera...
Não há mais sombras,
nem famintas feras...
Só um mundo colorido:
com cantos, cores e amores.
Flores se formando e
passarinhos cantores.
Eu abri a caverna...
mas permaneço nela!
Medo de novo? Sim...
São tantos botões florescendo!
Tantas vidas coloridas...
E se eu deixar uma delas morrer?
E se não houver tanto amor?
Medo de viver....
Medo da liberdade...
Medo do amor...
É tempo de derreter a neve dos meus pés,
do coração e da alma.
O inverno acabou... É primavera.
Me acostumei à sobrevida....
mas ao menos quando eu me descongelar,
sei onde é a saída.